Nenhum produto no carrinho.
A FIFA reconheceu — deixou de reconhecer e voltou a convalidar — como campeões mundiais aqueles clubes que conquistaram a Copa Intercontinental, que era disputada entre os campeões europeu e sul-americano e possuía um formato diferente do atual — em vigor desde 2005, quando a Copa do Mundo de Clubes passou a ser organizada pela entidade máxima do futebol mundial e a reunir os campeões das seis associações continentais.
A Copa Intercontinental começou a ser disputada em 1960, colocando frente a frente o campeão europeu, Real Madrid, e o sul-americano, Peñarol. Os espanhóis levaram a melhor no confronto que era disputado em ida e volta. Após o empate por 0 a 0 em Montevidéu, os Merengues venceram por 5 a 1 em Madrid e ficaram com o primeiro título “mundial” disputado.
Até 1968, o saldo de gols nos jogos não era critério de desempate. Era disputado um jogo extra — às vezes em país neutro. A polêmica e violência presentes no confronto de 1967 entre Celtic e Racing fez a disputa passar a considerar a diferença de gols. A violência já era recorrente. Há relatos de que a partida extra entre Santos e Milan, em 1963, foi marcada por subornos e doping por parte dos santistas, segundo a auto-biografia de Almir Pernambuquinho. O ex-jogador, que substituiu Pelé no terceiro jogo, no Maracanã, afirmou que subornaram o juiz argentino Juan Brozzi, mas essa história nunca foi comprovada nem investigada.
A competição era organizada e supervisionada por Conmebol e UEFA, o que impedia intervenções e punições da FIFA aos clubes envolvidos. A mesma FIFA se negou a reconhecer o título mundial ou sequer o intercontinental, atribuindo à competição um caráter amistoso. Em 1968, uma carnificina provocada pelos jogadores do Estudiantes de La Plata — que conquistou o título naquela edição — contra o Manchester United, rendeu aos platenses a alcunha de Animals por parte dos ingleses. Matt Busby, treinador do United, se pronunciou dizendo que a FIFA deveria banir o clube de qualquer competição.
A violência explícita se repetiu em 1969, novamente pelo Estudiantes. O Milan era a vítima da vez. O centroavante rossonero Pierino Prati chegou a ficar inconsciente após sofrer uma agressão. Nestor Combin, um argentino naturalizado francês que jogava no Milan, quebrou o nariz após levar um chute na cara dado pelo goleiro do Estudiantes, Alberto Poletti. Tudo isso negligenciado pelo árbitro chileno Domingo Massaro.
A agressividade foi tanta que o regime militar argentino interveio. O presidente “de facto” Juan Carlos Ongania demandou à AFA severas medidas em nome do esporte nacional. O órgão leu essas demandas nas entrelinhas e aplicou uma suspensão permanente em Poletti. O goleiro também foi preso pelo regime por 30 dias, junto com Eduardo Manera e Ramón Suárez.
A reputação violenta da competição derivou na recusa em disputar o troféu por parte de vários campeões europeus nos anos subseqüentes. Em 1971, o Panathinaikos, vice campeão da Europa, substituiu o Ajax que havia levantado a taça europeia. O Nacional do Uruguai sagrou-se campeão do Mundial Interclubes ao vencer os gregos.
Em 1974, o Bayern de Munique foi o segundo clube a se recusar a disputar o duelo intercontinental, abrindo vaga para o vice campeão Atlético de Madrid. Os Colchoneros perderam o primeiro jogo na Argentina, contra o Independiente, por 1 a 0. Mas no jogo de volta, venceram por 2 a 0 e levantaram o caneco. A partir de então, Liverpool, duas vezes [1977 e 1978] e Nottingham Forest [1979] se recusaram a jogar a Intercontinental. Mas nenhum dos vice-campeões europeus depois do Atlético de Madrid conseguiram conquistar o título.
O desprestígio da competição levou à criação da Copa Toyota, disputada em jogo único, em Tóquio, a partir de 1980, o que convenceu os campeões europeus a participarem da competição anualmente. A disputa durou até 2004 pois, em 2005, a FIFA passou a organizar a Copa do Mundo de Clubes. Em 2000, a FIFA já havia realizado um Mundial de Clubes no Brasil, cujo campeão, Corinthians, ingressou como campeão do país sede. O representante local ainda integra a competição, seja ela disputada no Marrocos, Japão, ou Emirados Árabes Unidos.
Desde então, mesmo após ter conquistado a Libertadores em 2012 e, posteriormente, o Mundial sobre o Chelsea, os corintianos ainda são provocados por torcedores rivais por terem dois títulos mundiais — um reconhecido e o outro organizado pela FIFA — e somente um título continental.
A discussão fica acirrada pois entra em pauta um suposto título mundial do Palmeiras de 1951 — e do Fluminense de 1952! —, quando a UEFA sequer existia. Mas esse é outro capítulo, e está na Corner #8, sob o título “O mundo é das pessoas”.
Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |