Nenhum produto no carrinho.
Futebol não é para meninas. Diziam. Elas provaram o contrário. A Milly Lacombe prova o contrário no manifesto desta edição. As meninas do Dick & Kerr’s também já tinham provado que lugar de mulher é onde elas quiserem. A Cristiane chutava as cabeças das bonecas como se fossem bolas porque menino pode brincar de boneca e menina pode brincar de bola. Menino pode vestir rosa. Menina pode vestir azul. Aliás, pode vestir azul e amarelo do Boca, como a série fotográfica Bomboneras que rodou o mundo mostrando a paixão feminina pelos Xeneizes.
Onze. Número da camisa da Cris. A maior artilheira do futebol olímpico que estampa a capa Corner #11, casualidade numérica. Mas um time de onze jogadores não poderia não ter uma jogadora. E não é só uma. Ela representa milhões de brasileiras que vão imitá-la nos gols de cabeça e seguir com essa quebra de paradigma na cabeça. Mulher pode e deve ocupar espaços no futebol: no campo, no banco, nos estúdios. Onde ela quiser.
De volta à Idade da Pedra, a Copa de 1990 ocupou um espaço doloroso na memória do brasileiro. Uma copa ruim? Talvez. Mas Copa é como pizza, até quando é ruim é bom. Pra quem gosta de muito gol essa Copa foi detestável. A última em que se pôde recuar para os goleiros pegarem com as mãos. A última com a velha regra de impedimento. A primeira depois do maior gol de todos os tempos de Maradona.
Maradona, que jogou sem tornozelo de tão inchado, levou a Argentina a uma segunda final consecutiva. A coisa foi tão sofrida que para os mais românticos como João Saldanha lhe custou o que restava de vida. A Copa de 1990, na Itália, foi uma ode ao Catenaccio italiano, era o melhor futebol da época. Três zagueiros em quase todos os times, inclusive o Brasil. Saldanha não tinha mais saúde pra suportar aquilo. A Copa não matou o João Sem Medo do coração, mas tirou as suas últimas energia e ele morreu onde queria, como ele mesmo disse antes de embarcar: “é a minha última Copa. Se morrer, que seja em Roma”. Dito e feito. Dias após a sofrida final entre Alemanha Ocidental e Argentina, faleceu o antigo presidente do clandestino Partido Comunista no Brasil.
Com ele, também morria o comunismo soviético. Foi a última copa da fragmentada Alemanha Ocidental, a última copa da União Soviética que tanto quis ter realizado esta edição do Mundial, mas o ocidente e seu sistema capitalista decidiria a favor dos italianos a sede daquela Copa. Brasil e Holanda perderam pra si mesmos, mas também perderam pros finalistas dessa Copa que todos deveriam amar e não odiar. Foi a última copa como eram os Mundiais antigamente. Era um evento que promovia o encontro de desconhecidos e provava quem era quem entre deuses e mortais em noites de Turim, que deixaram Gascoigne para a eternidade entre os humanos ou como tardes, no mesmo Stadio Delle Alpi, que colocaram Caniggia no olimpo dos semi-deuses do futebol mundial.
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |