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Il Grande Torino conquistou todos os títulos nacionais oficiais que disputou de 1942 a 1949. No final da Segunda Guerra Mundial, porém, o campeonato italiano deixou de ser oficialmente disputado por duas temporadas. Com a Itália dividida em duas pela Linha Gótica, definiu-se que a parte centro-norte, controlada pelas tropas nazistas (de Roma pra cima), disputaria a Divisione Nazionale, ou Campionato Alta Italia, que contava com clubes das Series A, B e C.
Após a invasão nazista, a parte do centro-norte passou a ser chamada de Repubblica Sociale Italiana, e o sul, controlado pelos aliados (Inglaterra e EUA), continuou chamando-se Reino da Itália — afinal, Vittorio Emmanuele III deixou Roma após a ocupação alemã e se instalou em Brindisi, capital da Puglia, que fica exatamente na ponta do calcanhar da bota. Foi lá onde se disputou o Campionato Dell’Italia Libera, que não contava com nenhum clube da Serie A, somente das séries B e C.
No meio deste contexto, o futebol se ajustou a essa nova divisão do país. Há relatos de vários jogadores que fugiram para o sul após o controle e ocupação nazista e acabaram jogando em outros times.
O Torino, que já havia conquistado o campeonato italiano de 1942/43 e também o vice na temporada 1941/42, teve que jogar o Campionato Alta Italia. O torneio foi dividido em grupos compostos por regiões e os melhores dos grupos passavam para a fase inter-regional. Na primeira fase, entre janeiro e maio de 1944, o Torino terminou como primeiro colocado da região Piemonte/Liguria, de maneira invicta (16 vitórias e 2 empates). A segunda colocada foi a Juventus e ambos se classificaram para a semifinal inter-regional.
Era vez de enfrentar os melhores da Lombardia. Internazionale e Varese compunham o restante do grupo que teve seus jogos de ida e volta entre o final de maio e junho. Mais uma vez, o Torino não perdeu nenhum jogo (4V e 2E) e ficou em primeiro lugar, garantindo vaga na fase final do torneio.
No dia 9 de julho, na Arena Civica di Milano, local designado para o triangular final, que se jogaria em turno único, o Spezia enfrentava o Venezia — vencedores das regiões Emilia e Romagna, e Veneto, Friuli-Venezia Giulia, respectivamente. A partida terminou em empate por 1 a 1.
Sete dias mais tarde, Spezia e Torino se enfrentaram. Zebra. O Spezia venceu por 2 a 1. Um feito que pouquíssimas pessoas presenciaram. Havia um enorme temor com as rondas militares da ocupação alemã. Com o resultado, o melhor time daquela época não tinha mais chances de título. Caberia ao Venezia tirar o troféu das mãos do Spezia, caso vencesse com uma diferença de gols maior.
Mas não. O Torino honrou sua fama. Entrou em campo e venceu o Venezia por 5 a 2, terminando a competição em segundo lugar. Spezia campeão. O time liderado pelo camisa 10, Valentino Mazzola, perdia o único campeonato italiano até a tragédia de Superga, em 1949. O Grande Torino monopolizou os troféus no período. Foram cinco Scudetti oficiais consecutivos até que o avião que trazia o time de um jogo contra o Benfica, em Lisboa, colidisse contra o muro da Basílica de Superga.
Mesmo considerando a oficialidade da competição, que dispunha de todos os times da Serie A e tinha um caráter nacional, levando em consideração o contexto político daquilo que se chamava República Social Italiana, regida por Mussolini e controlada pelo nazismo, um aspecto esportivo terminaria por dificultar o valor e peso oficial do título.
Na verdade, o Spezia, que militava na Serie B um ano antes, se afiliou ao Corpo de Bombeiros da cidade para conseguir disputar o campeonato e passou a se chamar G.S. 42º Corpo dei Vigili del Fuoco — ou VV.FF. Spezia. O clube atravessava uma grave crise institucional, pois seu presidente, Coriolano Perioli, havia sido capturado pelos nazistas e enviado a um campo de concentração na Alemanha.
No entanto, somente um dia após a conquista do título, a (FIGC) Federação Italiana de Futebol publicou um comunicado dizendo que o caráter da competição não era de um Scudetto e sim, de um campeonato de guerra, com valor de uma Copa Nacional, segundo o Spezia, em contradição com o que foi anunciado no início do certame.
Independentemente de todas essas questões, o VV.FF. Spezia não perdeu nenhum jogo no Campionato Alta Italia, onde figuravam os melhores times da época. Venceu, inclusive, o maior de todos daquela época, o Grande Torino.
Em 2002, a FIGC decidiu outorgar o título honorário de campeão italiano ao Spezia, muito embora a instituição que realmente disputou aquele campeonato tenha sido outra, em um outro ‘país’, considerado um ‘Estado Fantoche do terceiro Reich’.
Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.
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